sexta-feira, 20 de março de 2009

Cadê a beleza disso tudo?

Quem trabalha com políticas sociais, em especial com publico em vulnerabilidade social, vai entender bem a que me refiro...

Se de repente teu pensamento vai longe e te perguntas cadê à beleza disso tudo?

Há momentos que só vemos fome, pobreza, lástima e lamento. É como se todos os sorrisos do mundo fosse ofuscados, as gargalhadas silenciadas, como se todos os bares estivessem de luto, como se todas as cores mergulhassem em um mar acinzentado e todas as crianças interrompessem as brincadeiras...
Reconheces que muito já perdeu o sentido e por um instante recobras a consciência...

E nos deparamos apenas com o amargor da realidade. Ali, diante dos seus olhos, dura, nua e brutal. O real mais que concreto. A pobreza das vidas e das almas, a ausência de sonhos e de perspectivas...
O que você quer fazer daqui pra frente? Do que você gosta?
Não sei, quero o que me der dinheiro. O que você prefere? Sei lá, qualquer coisa...
É tanta falta de vida ou uma vida tão distante dos sonhos, que parece que se desaprendeu a sonhar. E a única coisa que lhe resta é o real bruto e cotidiano... Tão amargo que impede qualquer abstração.

Refletir? Pra que é isso? Foi no terreno da realidade que senti minha fome de vida, e foi com isso que aprendi a me virar.
Sonhar? Isso não me serve de nada... Até nos sonhos estou acordado.
É isso: pobreza das vidas e das almas... Falta sonho, falta cor, ausência plena de poesia...
Puts tão difícil me deparar com isso, logo eu que não consigo ver a vida sem poesia... E eu que pensei que já havia visto tanta coisa... Jamais irei me acostumar... Ainda bem! Afinal, sede de justiça nunca passa. Não dentro desta sociedade.

Em todo caso, é como se no fundo ainda restasse uma gota de desejo. Uma fagulha de esperança, um grito rouco ainda não silenciado... Algo que move e impulsiona, fazendo acreditar na vida e nos seres, afinal sem credulidade, não faz sentido estar aqui...


"aqui no caos total do cu do mundo cão
tal a pobreza tal a podridão
que assim nosso destino e direção
são um enigma uma interrogação"

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