domingo, 30 de novembro de 2008

Alvorada

Quando você se sentir sozinho, pegue o seu lápis e escreva. No degrau de uma escada, à beira de uma janela, no chão do seu quarto. Escreva no ar, com o dedo na água, na parede que separa o olhar vazio do outro. Recolha a lágrima a tempo, antes que ela atravesse o sorriso e vá pingar pelo queixo. E quando a ponta dos dedos estiverem úmidas, pegue as palavras que lhe fizeram companhia e comece a lavar o escuro da noite, tanto, tanto, tanto... até que amanheça.

RITA APOENA

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A quem não se deu

Triste dos fiéis aos seus medos
Dos que não choraram de tristeza, nem discorreram pela alegria.
Infeliz aquele que resistiu às incertezas
Desistiu antes de tentar, relutou com orgulho e banalizou a vontade de amar.
Amargo o coração dos que tiveram medo.
Tenebroso fim de quem racionalizou.
Fracassado percurso dos relutantes.
Mediano desfecho de quem não tentou...

...E eu, que por hora andei errante, hoje confesso que vivi.
Vivi com força e festejante.
Almejando as febres e os febris

Patrícia Gonçalves. 26.11.08



"Vennha se perder nesse turbilhao,
não se esqueça de fazer
tudo que pedir esse seu coração..."

sábado, 22 de novembro de 2008

Pontuações रेतिसन्तेस.

Etiquetados, como meros artigos comerciais. Definidos, pontuados... É assim que nos percebem no mundo.
Por hora questiono-me sobre o necessário desejo de libertar-se destas amarras classificáveis. Definitivas, não por serem perpétuas, mas por insistirem em nos enquadrar, definir, cercear...
Inquieta-me essa tamanha necessidade de decodificar o inenarrável, o indelével tumulto organizado em nós.

Por que tornar tangível o espectro de cores, acordes e nuances que nos tornam tão peculiar?

Por que enjaular, na clausura de um discurso, o tamanho ser que ousamos ser? E de que nos serve o descabido desejo de “nomeclaturar”?

Por que não escolher a liberdade desmedida de ser apenas o que se é, sem necessitar saber por certo em que consiste o “ser” e o “estar”?

... Danoso modo de estar no mundo... Mediana necessidade de se pontuar.

Agora entendo porque sempre preferi as reticências...

Patrícia Gonçalves. 22/11/08