segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Um ponto de alegria

Faço da tristeza um verso
E do choro um ponto de luz
Recrio as formas do universo
Remonto tudo que campus

Canto um canto deste tédio
Começo pelo que não fui
Calei as vozes no falso intermédio
Da alegria breve que me seduz

Fechei as portas e as cortinas
Fugi das nuvens a passar
Joguei confetes e serpentinas
Bani as dores e o amargar

Fechei os livros
Rompi com o vento
Refiz acordes de um festejar
Busco na força o perene tempo
De ser feliz em meu cantar

Patrícia G. 25/08/08

sábado, 23 de agosto de 2008

Não sei quem és e ate agora procuro me descobrir....
Minhas ruas já não têm o mesmo som, a música ao fundo já não tem a ternura inocente de outrora.
A serenidade do meu outono foi dissipada pelos meus incessantes questionamentos...
Por mais que quisesse negar, depois de você não sou mais quem pensava ser.
As cores não são mais as mesmas, os risos se embaralham com a saudade, e meus escritos sempre te resgatam de dentro de mim... Até hoje, por onde quer que eu ande os meus percursos sempre me levam até você.
Por diversos instantes te extingui, te baní e calei, mas a mesma que esquecia insistia em reconstituir o teu olhar, o teu sorrir, o teu beijar...
Por fim, desisti de te esquecer. Até o momento, contento-me em me distanciar...

Patrícia G. 2007

O que há de vir...

Há de se fazer lembrar um bom momento desta vida, que alargue o meu sorriso, iluminando todo rosto.
Há de se compor uma canção que acalente o nosso sono, e nos faça divagar por outros sonhos.
Há de se pintar um cenário vespertino, que ilumine todo o resto, despindo as amargas raízes da tristeza.
Há de se contar belas historias, recriando o sonoro fim de todos nós.
Há de se banhar de justiça essa tamanha selva que se chama mundo!
Há de um novo ser, em nós, fazer surgir, repensando seus valores, seus poemas e rumores... Recompondo um só refrão.
Há de se despir de preconceitos os nossos “velhos” rabugentos, despertando a criança que sempre esteve em nós.
Há de se formar um novo verso, que reconte a história de quem fomos, de quem somos e de tudo que ainda iremos ser.
O que há de vir, há de se compor... Há de se dispor... Há de acontecer...

Patrícia Gonçalves (07/06/08)

Aos que sempre me perguntam.

Se queres saber quem sou prefiro não falar de mim...
Falaremos do vento que, como eu, pode ser forte e impetuoso, mas sempre tem na brisa um outro modo de ser e estar no mundo ...
Se queres saber quem sou prefiro não me expor...
Falarei da poesia que, em si, tem o poder de transformar dor em cores, rimas e fantasias.
Se queres saber quem sou, prefiro me esconder...
Descrevo-te o pôr do sol, que, em cores mil, a felicidade traz aos que com sensibilidade conseguem lhe apreciar.
Se queres saber quem sou, perdôi-me já não há o que se dizer...
As viagens pela vida trancafiaram tudo em um aquário de águas translúcidas e poucos são os que conseguem penetrá-lo.
Se queres saber quem sou, quem sabe um dia poderemos nos falar. Em quanto isso, senta-te toma uma bebida e voltemos a conversar... Escutarei tuas dores e como raros já o fizeram encontrarás um ombro amigo, mas, infelizmente, em pouco poderei ajudar...
Escuta “minhas verdades”, e se tu não as compreender, ao menos respeita meus silêncios e perceba meus calados questionamentos...
Se queres saber quem sou eu posso até tentar dizer, mas levaria o tempo de uma vida inteira e jamais estarias disposto a escutar...
Se queres saber quem sou, pouco posso te expressar, mas em demasiados sorrisos e melodias; algumas lágrimas e muita fé hás de me reencontrar...
Se queres saber quem sou, sempre dou o mesmo conselho: não te leves pelo visto, visto que o essencial em mim, nem sempre é perceptível aos olhos dos que me vêem! (Patrícia Gonçalves) 20.03.2008

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

sem titulo (aceito sugestões..)

Almejo um tempo que não é este
Por um caminho não percorrido
Busco aqui dentro o inaudito
O estranho mundo de quem procura

Revejo as ruas, velhas estradas
Recorro ao vento em pensamento
Desprezo o choro e os vãos lamentos,
Por receber sempre da aurora um vespertino sentimento

Seguindo calmo ou caudaloso
Nos muitos rios da madrugada
Busco em teus beijos a vil jornada
Que leve embora o meu tormento

Percebo ao fim da vã pintura
Os meus traçados mal acabados
Velhos escritos de amargura
E um mesmo mar de embriagados.


Patrícia G. 03/07/08