sábado, 13 de julho de 2013

Aquilo que me habita...

As palavras , assim como os sentimentos, fazem morada em nosso corpo. Em cada parte há algo a ser dito ou silenciado. Expressado ou enterrado dentro de nós. Por isso o toque é tão particular. Não se trata apenas de um corpo a ser percebido. São palavras e sentimentos, que nos habitam, sendo sentidos e acariciados... Cada parte de nós, cada trecho da nossa própria história, sentindo a interferência do outro... Não são apenas as suas mãos a acariciarem o meu rosto. São as suas histórias a tocando as minhas. Não são apenas os seus dedos deslizando pelos meus cabelos. São seus refrãos e acordes soando, lado a lado, aos meus... São melodias e dissonâncias ecoando juntas. Por isso, não banalizemos o toque. Não subalternizemos o corpo. Preservemos nossa morada, nossas histórias. Tenhamos respeito pela nossa canção... Nele habitamos e por ele somos habitados, inundamos (inclusive) por afeto. O corpo não fala... Ele canta! Conta histórias... Corpo tem memória, faz rimas, traz de longe o que está tão perto. Reconhece... Corpo, corpóreo, corporifica... Canta, acalanta e, às vezes, coisifica...