sábado, 21 de março de 2009

Repara a poesia...

Não é que o mundo seja só ruim e triste. É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais.
Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito. Só os poetas o fazem. (Rita Apoena)


"O dia está nascendo, vem olhar o sol
As aves vêm voando pelo nosso amor
Repare a poesia
É tanta alegria
Não chora nunca mais"

É A HORA!

Ando questionando tudo. Velhos padrões, algumas posturas, profundas certezas e muitas hesitações...
Relembro os caminhos percorridos, as atitudes tomadas, algumas delas irreversíveis... Arrependimentos soam inevitáveis nessas ocasiões, mas como diria Pessoa: à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo e muita vontade de fazer diferente.
Como um carrossel a me convidar para uma nova volta, eis que um novo sempre traz mais uma chance de se fazer diferente. Olhar novas paisagens, provar novos sabores, redescobrindo “novas” sensações... Em fim, É A HORA!


"Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro". Fernando Pessoa.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Cadê a beleza disso tudo?

Quem trabalha com políticas sociais, em especial com publico em vulnerabilidade social, vai entender bem a que me refiro...

Se de repente teu pensamento vai longe e te perguntas cadê à beleza disso tudo?

Há momentos que só vemos fome, pobreza, lástima e lamento. É como se todos os sorrisos do mundo fosse ofuscados, as gargalhadas silenciadas, como se todos os bares estivessem de luto, como se todas as cores mergulhassem em um mar acinzentado e todas as crianças interrompessem as brincadeiras...
Reconheces que muito já perdeu o sentido e por um instante recobras a consciência...

E nos deparamos apenas com o amargor da realidade. Ali, diante dos seus olhos, dura, nua e brutal. O real mais que concreto. A pobreza das vidas e das almas, a ausência de sonhos e de perspectivas...
O que você quer fazer daqui pra frente? Do que você gosta?
Não sei, quero o que me der dinheiro. O que você prefere? Sei lá, qualquer coisa...
É tanta falta de vida ou uma vida tão distante dos sonhos, que parece que se desaprendeu a sonhar. E a única coisa que lhe resta é o real bruto e cotidiano... Tão amargo que impede qualquer abstração.

Refletir? Pra que é isso? Foi no terreno da realidade que senti minha fome de vida, e foi com isso que aprendi a me virar.
Sonhar? Isso não me serve de nada... Até nos sonhos estou acordado.
É isso: pobreza das vidas e das almas... Falta sonho, falta cor, ausência plena de poesia...
Puts tão difícil me deparar com isso, logo eu que não consigo ver a vida sem poesia... E eu que pensei que já havia visto tanta coisa... Jamais irei me acostumar... Ainda bem! Afinal, sede de justiça nunca passa. Não dentro desta sociedade.

Em todo caso, é como se no fundo ainda restasse uma gota de desejo. Uma fagulha de esperança, um grito rouco ainda não silenciado... Algo que move e impulsiona, fazendo acreditar na vida e nos seres, afinal sem credulidade, não faz sentido estar aqui...


"aqui no caos total do cu do mundo cão
tal a pobreza tal a podridão
que assim nosso destino e direção
são um enigma uma interrogação"

sábado, 7 de março de 2009

O ser reticente que sou...

Como não poderia ser? Os nascidos em setembro têm aquele ar de primavera.
Aquele tom de até breve. Um sonoro ressoar de melodias indecifráveis.
O reticente ser que sou não me deixa parar de indagar.
E mesmo ao longo de um disperso caminho está sempre a desejar.
Tem em si o poder de se contradizer. Planejar, desistir e resignificar...
O reticente ser não me permite calar, antes escancara as portas da saudade recompondo o fim das desventuras.
O reticente ser que sou sempre tem algo a me falar...

"As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho..." Mário Quintana.

Nosso corpo nos pertence?

Ao longo do século XX, a sociedade testemunhou a mobilização das mulheres pelo direito ao voto, à educação, à igualdade em relação aos homens nos campos político e profissional. A luta por esses direitos e sua gradativa consolidação outorgaram às mulheres uma maior participação social e ampliaram a perspectiva de novas lutas.
Alguns autores afirmam que a princípio a luta não focalizava a relação de subordinação em relação aos homens, constituída culturalmente em nossa sociedade; antes, exigia o direito de as mulheres serem cidadãs, demandando uma maior participação social e política.
Apenas no final da década de 1970, e principalmente início da década de 1980, identificam-se no movimento feminista as primeiras reivindicações no campo da reprodução e da sexualidade. Inspirado nos movimentos norte-americano e europeu, o movimento nacional aponta as primeiras demandas em torno da sexualidade e da contracepção, culminando na formulação dos hoje chamados direitos reprodutivos e, posteriormente, os sexuais.*
Bom, na realidade não é de história que desejo falar, no que me peguei pensando hoje foi que diante de tantas conquistas, o gênero feminino ainda se depara com uma série de questões que cerceiam nossa tão almejada “liberdade”.
Não há como não lembrar da palavra de ordem nosso corpo nos pertence que durante tanto tempo, conseguiu conjugar a maioria das reinvidicações do movimento feminista. Mas questiono até que ponto isso se concretizou em nossas relações sociais; onde e em que medida avançamos e em que circunstâncias somos destituídas ou abrimos mão dessa apropriação.
Se por um lado avançamos no debate, por outro, algumas posturas ainda possuem um ranço do passado. Ou pior, a liberdade de hoje pode apresentar-se como falsa tolerância e se trajar de um fetiche totalmente cerceador.
Quando o movimento gritava nosso corpo nos pertence almejava liberdade, liberdade esta personificada no próprio corpo feminino. E é interessante perceber que foi justamente neste corpo que as clausuras foram construídas. Se este corpo ganhou ou pelo menos tem avançado na conquista do direito de sentir e assumir o desejo e o prazer diante de uma sociedade que foi ensinada a negar esse direito às mulheres; é exatamente sobre este corpo que se constituíram as amarras. Nosso modelo de sociedade se apropriou das lutas e as transformou em demandas de mercado. Hoje este corpo cobra e é cobrado. Quando refletimos sobre a valorização da estética em nossa sociedade, não há como negar que o mercado faz da beleza uma meta a ser perseguida por TODAS as mulheres e ai daquelas que se recusarem, ou não se enquadrarem no padrão. Isto é fato! Não precisa ser marxista para reconhecer rs
Mas este corpo ainda é alvo de outras questões muito mais danosas. Ainda é neste mesmo corpo, pelo qual lutamos tanto para nos apropriarmos, que se configuram os maiores brutalidades que uma sociedade pode tolerar. O mesmo é abusado, violentado, negligenciado e até estigmatizado. E é no corpo que muitas mulheres trazem as marcas dessa tênue apropriação.
Pensemos um pouco sobre isso neste dia 8 de março...
*Trecho da minha mono. "Mulheres e o uso do preservativo: um estudo com usuárias do Programa de Planejamento Familiar do Hospital das Clínicas/UFPE" 2006.
Bom, não tenho muito que acrescentar, mas acredito que a luta diária precisa promover maior esclarecimento acerca dos direitos, dos instrumentos que dispomos, dos recursos que o estado e a sociedade civil oferecem. E principalmente, acredito que nosso maior desafio está em desconstruir valores arraigados a nossa cultura que favorecem e ainda legitimam todo tipo ação ou omissão que contribuam para a subalternização feminina e a violação dos seus direitos.
Pois é, uma luta tão antiga que ainda apresenta muito em que se avançar. O primeiro passo é se apropriar do que é nosso e reconhecer que, apesar das MUITAS E SIGNIFICATIVAS CONQUISTAS, ainda há muito que se conquistar!

domingo, 1 de março de 2009

Alguns acordes da Amélie Poulain


“… Então, minha querida Amélie…você não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se deixar passar essa chance…então, com o tempo seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto o meu esqueleto. Então, vá en frente, pelo amor de Deus.”



Só Para lembrar: “sem você, a emoção de hoje seria pele morta da emoção do passado.”


Um dos filmes mais belos que assisti nos ultimos dias... Impossível permanecer o mesmo após esta película. De roteiro profundo e belíssima fotografia, é um filme que retrata a alma humana e sua intensa capasidade de significar...